XIX Encontro Nacional da Associação Nacional de
Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional

Blumenau-SC, 10 a 14 de maio de 2021

Ao findar-se o segundo decênio do século XXI, o Brasil vem retroagindo nos mais importantes indicadores sociais, econômicos, ambientais e políticos a olhos vistos. As taxas de desemprego dispararam, a riqueza e a renda vêm se concentrando com renovado vigor, a pobreza e a miséria regressaram com força. Ao mesmo tempo, o processo de desindustrialização segue em ritmo acelerado, tal como o capital financeiro avança sobre o produto econômico e a estrutura produtiva vem sendo desnacionalizada. Também a destruição do meio físico, resultado de omissão oficial e descumprimento da legislação por parte de agentes privados, parece não ter mais limites, como têm evidenciado o rompimento da Barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, a pressão para autorizar a exploração mineral em terras indígenas e o aumento do desmatamento na Amazônia. Enfim, os direitos individuais e coletivos têm sofrido reveses consideráveis, a ponto de se reconhecer que o Brasil caminha a passos largos em direção a um ambiente político marcado por crescente déficit democrático. No campo da cultura, a manifestação pública do preconceito contra a ciência e as artes parece levar ao agravamento desses indicadores. Embora este complexo quadro dê conta do que se passa no país, o contexto internacional não deixa de favorecê-lo. Pelo menos, no que respeita às alianças preferenciais dos grupos sociais que se beneficiam com a referida degradação social, econômica, ambiental e política. De fato, no âmbito das diatribes que antagonizam as velhas e as novas forças econômicas internacionais, o Brasil aposta muitas fichas numa aliança preferencial com a potência decadente. As crescentes instabilidades econômicas no plano internacional ganham contornos de uma crise estrutural do capital. Os riscos que aí se apresentam para quem aposta tantas fichas na potência ainda hegemônica podem ser antecipados – e tendem a ser cruelmente pesados para o conjunto da sociedade. A entrada em cena da pandemia do novo Coronavírus, SARS-CoV2, entre fins de 2019 e início de 2020 – sem perspectivas concretas de abrandar suas graves consequências – tem piorado tão rápida quanto dramaticamente o cenário que se acaba de esboçar.

A “esperança” é a palavra-chave com que é lançado o convite para debater as causas mais profundas deste quadro tão complexo durante o XIX Encontro Nacional da ANPUR, que terá lugar entre 10 e 14 de maio de 2021, na cidade de Blumenau, Santa Catarina. Mas, considerando os novos impasses urbanos e regionais implicados, a esperança também deverá inspirar, nesta oportunidade, uma saudável reavaliação das táticas e estratégias que têm sido adotadas até o presente para a formulação e a consecução de variados projetos societários que assentam em autênticas solidariedade, justiça, liberdade e autodeterminação.

O ENANPUR 2021 pretende constituir-se em espaço de construção da ESPERANÇA em escala urbana e regional!

Ivo Marcos Theis
Coordenador Geral do XIX ENANPUR
Núcleo de Pesquisas em Desenvolvimento Regional
Revista Brasileira de Desenvolvimento Regional
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional
Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq
ORCID iD 0000-0003-0128-2188